
A força da agricultura familiar representada por Damiana Morais e as Delícias da Quixaba, junto a Funetec, em evento da ONU, em Belém do Pará
Enquanto o mundo busca soluções para o clima na COP30, em Belém, um exemplo vivo de resiliência, empoderamento e economia circular ganha destaque no prédio de economia criativa da Green Zone da Conferência. A história é da Associação de Mulheres Produtoras Rurais da Quixaba, de Picuí, no Seridó paraibano, que tem na presidente Damiana Morais a sua face mais inspiradora. Sua trajetória pessoal espelha a transformação que o projeto "Delícias da Quixaba" promoveu na comunidade: da dependência à autonomia, da invisibilidade ao protagonismo em um evento global.
Nascida e criada no Sítio Cantinhos, Damiana casou-se jovem, morou por 13 anos em outra cidade e, após se separar, voltou para a casa da mãe com seus dois filhos. O futuro era incerto. "Antes do projeto, eu vivia do Bolsa Família, apenas, vivia do Bolsa Família, era a única renda que eu tinha", relata. A virada começou em 2020, quando a fundadora da associação, Ednalva Dantas, a convidou para se juntar ao grupo. Ela aceitou o chamado e começou na produção de doces e geleias.
A Associação, que já tinha uma história de mais de uma década, encontrou em Damiana uma força renovada. Em 2022, ela não só dominava as técnicas de produção como se candidatou e foi eleita presidenta. A mulher que antes dependia de uma renda complementar assumia a liderança de um negócio coletivo que gera sustento para dezenas de famílias.

O projeto, que conta com apoio técnico da Funetec, transforma frutos nativos do Semiárido, como umbu, goiaba e cajá, em "Delícias da Quixaba". O carro-chefe é o "queridinho" café com leite, e a produção inclui doces, geleias e bolos comercializados para programas governamentais e em feiras nacionais. Mais do que uma fonte de renda, o trabalho deu a Damiana e suas companheiras algo transformador.
E é com uma simplicidade que carrega profunda emoção que Damiana define a conquista central dessa jornada:
"O que esse projeto impactou na minha vida é que me deu autonomia financeira para poder resolver as minhas coisas, não ficar esperando pelos outros."
Essa autonomia mudou sua realidade e a de seus dois filhos. "Depois da associação, minha vida mudou bastante, porque tenho meu dinheiro, trabalho, ganho meu sustento para sustentar a mim e meus dois filhos", comemora.
Agora, na COP30, o ciclo de transformação se completa. Da cozinha industrial montada em uma escola abandonada no Sítio Quixaba para um dos maiores palcos globais de discussão sobre o futuro do planeta.
"Para mim, eu fico muito feliz em saber que a gente conseguiu chegar até a COP 30, que a gente nem sonhava em ir", diz Damiana, que vê na Conferência uma oportunidade única de visibilidade. "Muita gente vai conhecer o nosso trabalho de perto, vai conhecer o que as mulheres produtoras da agricultura familiar fazem morando na zona rural."

A história de Damiana Morais e das Mulheres da Quixaba é a materialização de um conceito que a COP30 tanto prega: a justa transição. Elas mostram que a resposta às mudanças climáticas passa pelo fortalecimento das comunidades, pela valorização dos saberes tradicionais e, sobretudo, pela coragem de mulheres que, com as mãos na massa e a doçura, estão construindo um futuro mais digno e sustentável para todo o Semiárido.
TEXTO: Vitória Lisboa
FOTOS: Elias Rodrigues
A partir desta quarta-feira (12), a plataforma ODS-PB, desenvolvida na Paraíba, passa a ser objeto de destaque na Conferência das Nações Unidas contra as Mudanças Climáticas (COP30). O ineditismo da ferramenta, que já se tornou referência nacional, está no seu enfoque territorializado para o acompanhamento sistemático dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos municípios paraibanos
Fundação representará a Paraíba em Belém com iniciativas que formam professores Xikrin e Parakanã no Pará Segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2020, o Brasil tem mais de 26 mil professores atuando em escolas indígenas, em que 78% possuem vínculos temporários e apenas 38,5% têm ensino superior
A comunidade de Quixaba, na zona rural de Picuí, no Seridó paraibano, estará com os holofotes do mundo voltados para ela na próxima quinta-feira (13). O projeto “Mulheres da Quixaba: Juventude e Sustentabilidade no Semiárido”, que conta com a parceria e o apoio técnico da Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec), será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que começa nesta segunda-feira (10)
Também conhecida como Portal da Amazônia, a cidade de Belém, capital do estado do Pará, abre suas portas para receber a COP30. Nesse evento, a Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec) participará apresentando projetos nos quais atua como gestora, em parceria com órgãos públicos, privados e do terceiro setor
Pioneira na participação em iniciativas voltadas ao desenvolvimento produtivo na região Norte, a Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec), em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), vai desenvolver um projeto voltado ao fortalecimento das cadeias produtivas locais, com foco inicial nas atividades que envolvem, desde a produção do grão até o seu consumo final, passando por etapas como o plantio, colheita, beneficiamento, torrefação, moagem e distribuição
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