“Quando a gente teve o apoio da Univasf, a vida melhorou. Com participação em capacitação de muitas coisas. Cursos que a gente já participou. Antes a gente não sabia de nada. Hoje a gente já tem um bom conhecimento através do pessoal da Univasf,” esse é o depoimento de Marinalva Bezerra, da Vila Produtiva Rural de Queimada Grande, em Salgueiro, Sertão de Pernambuco. Ela faz parte de um grupo de 40 agricultores reassentados do Projeto de Integração do São Francisco (Pisf), e esteve em Petrolina, também no sertão pernambucano, para participar do I Simpósio de Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar, que terminou nesta sexta-feira (30), na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Nesta primeira edição, o Simpósio trouxe o tema Desenvolvimento Sustentável no Semiárido Brasileiro.
Durante o evento, dona Marinalva compartilhou as experiências agroecológicas desenvolvidas em Queimada Grande, mas também aprendeu: “está sendo tudo muito legal. As palestras estão sendo muito boas. É ótimo! Vou começar a aprender coisas que eu não sabia, através daqui. Eu vou sair daqui bem informada, aprendida, bem sabida de tudo,” sentenciou a agricultora.
O Pisf é um projeto desenvolvido pelo Núcleo de Gestão em Projetos Sociais (NGPS) da Univasf em parceria com a Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec). O superintendente da Fundação, Rodrigo Barreto, participou do Simpósio e, na abertura dos trabalhos, destacou a importância de se debater o combate à fome e sustentabilidade: “é um evento super importante, onde nós conseguimos reunir, pelo menos, três ICT’s apoiados pela Funetec, com a presença do IFPB, do IF Sertão Pernambucano e a própria Univasf. É um encontro que propõe um tema que está muito alinhado aos nossos valores, aos nossos princípios voltados à agricultura familiar, à produção de alimentos, e que, sobretudo, abre as portas da universidade para a comunidade. O ponto alto da abertura foi, de fato, a presença dos agricultores das agrovilas, do Programa de Integração de São Francisco, presentes no auditório, observando os resultados do projeto de desenvolvimento que os alcança", comentou.
O Instituto Federal da Paraíba esteve representado no Simpósio pelo professor Francisco Nogueira, diretor geral do campus de Sousa e um defensor da agroecologia como forma de combater a fome. Ele falou sobre a iniciativa do Núcleo de Gestão em Projetos Sociais de promover um debate importante como é o da produção agrícola, agroecológica e da valorização do campo. “eu entendo que o que a gente viveu nesses dias aqui na Univasf é algo que não deveria ser exceção, precisava, obrigatoriamente, ser a regra das instituições públicas do nosso país porque a gente fala de gente, a gente fala de povo e é o povo quem constrói o país. Então, esse movimento do NGPS, esse movimento da Univasf, com o apoio da Funetec, é imprescindível porque está trazendo as pessoas do campo, que historicamente foram excluídas de várias políticas públicas, inclusive do acesso à educação de qualidade, do acesso à informação... está trazendo essas pessoas para dentro de um espaço e dizendo para elas: vocês também podem, vocês também têm direito de ter acesso ao conhecimento, de ter acesso à informação. E essa universidade, esse núcleo, o IFPB, a Fundação, estão aqui para servir a todos", enfatizou.
O professor Francisco Nogueira foi além e chamou a atenção para o debate que não se restringe à produção agrícola. “O debate ultrapassa também a perspectiva de viver no campo. Nós estamos falando de pessoas que produzem alimento, que geram renda, mas também de pessoas que vivem no campo. Então, entender que o campo é um lugar onde vivem pessoas faz toda a diferença, porque tem que se entender que é preciso investir em estruturas básicas para garantir a qualidade de vida dessas pessoas no campo, como segurança e educação, por exemplo. O evento traz todos os ensinamentos para se repensar a vida das pessoas no campo, para que as pessoas tenham melhor qualidade de vida e possam, inclusive, produzir alimento e oferecer esse alimento para quem está na cidade.”
O I Simpósio de Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar faz parte de uma ação conjunta da Univasf com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento. “A gente sentiu a necessidade de um debate com as lideranças, as comunidades, de colocar todas as vilas juntas, de promover, realmente, um momento de interação, onde todos eles pudessem ver quais eram os trabalhos que eram desenvolvidos em cada vila, trocar experiências do ponto de vista agroecológico e avançar. O Ministério, como nosso parceiro, sempre trazia essa necessidade. Eles queriam ver como o nosso trabalho estava sendo desenvolvido e a gente uniu o trabalho de pesquisa e de extensão para apresentar aqui neste simpósio.” disse Illeana de Medeiros, do Núcleo de Gestão em Projetos Sociais.
Para o professor da Univasf Leonardo Cavalcanti, que coordena o Projeto, o evento representa a união de vários grupos. “É um momento ímpar porque realmente a gente está planejando uma transição. Com a chegada dos lotes irrigados, a gente vai ter muito trabalho pela frente e vai ter todo um processo de acompanhamento, de capacitação, de treinamento para a produção nesses lotes irrigados. A gente está falando de uma tecnologia muito eficiente, mas que precisa ser aplicada de uma maneira extremamente correta. E aqui neste simpósio a gente tem a junção da prática, daquilo que é de fato produzido no campo, com a discussão, o debate, a teoria daquilo que é produzido na academia. Então esse é um casamento que é necessário. Aqui ninguém sabe mais do que ninguém. A ideia justamente é a gente compartilhar os saberes, fazer uma construção coletiva do trabalho, das metodologias que vão ser aplicadas e sempre com uma premissa, a participação. Os agricultores têm que participar porque quem mais conhece a realidade deles são eles mesmos", lembrou professor Leonardo, como é mais conhecido.
AGRICULTURA FAMILIAR - Os números da agricultura familiar no Brasil são gigantescos. Para se ter uma ideia, se todos os agricultores familiares do Brasil formassem um país, seria o oitavo maior produtor de alimentos do mundo. Esse dado faz parte do Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023, divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os números são baseados em pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O anuário da Contag revela que a agricultura familiar brasileira é a principal responsável pelo abastecimento do mercado interno, com produtos saudáveis e manejo sustentável dos recursos ambientais.
As propriedades de agricultura familiar somam 3,9 milhões no país, representando 77% de todos os estabelecimentos agrícolas. Já em área ocupada, são 23% do total, o equivalente a 80,8 milhões de hectares. Isso representa quase toda a área do estado do Mato Grosso.
Essas propriedades são responsáveis por 23% do valor bruto da produção agropecuária do país e por 67% das ocupações no campo. São 10,1 milhões de trabalhadores na atividade. Desses, 46,6% estão no Nordeste. Em seguida aparecem o Sudeste (16,5%), Sul (16%), Norte (15,4%) e Centro-Oeste (5,5%).
Na agricultura familiar, tanto a produção de alimentos quanto a gestão da propriedade ficam, predominantemente, a cargo da família. Por isso projetos como o Pisf são tão importantes para o desenvolvimento desse setor. Além da produção de alimentos em si, outra contribuição das propriedades familiares é funcionar como um “motor” para a economia. De acordo com os números da Contag, a agricultura familiar responde por 40% da renda da população economicamente ativa de 90% dos municípios com até 20 mil habitantes, que representam 68% do total do país. Ou seja, faz o dinheiro circular nas pequenas cidades do campo, gerando um efeito multiplicador de emprego e mais renda.
Pisf - Os números que envolvem o Projeto de Integração do São Francisco também são gigantes, assim como o próprio rio. A extensão da obra é de aproximadamente 900 km e beneficia cerca de 12 milhões de pessoas dos estados de: Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Luciano dos Santos, agricultor, é presidente da Vila Lafayette, em Monteiro, no Cariri da Paraíba, também participou do simpósio e falou da importância dessa obra para a melhoria na qualidade de vida. “O sonho da gente é ter água, né? E ela veio com o projeto da integração do rio São Francisco. A gente foi reassentado e agora está esperando conclusão do projeto de irrigação. Mas mesmo assim a gente já tá trabalhando nos quintais de casa. A Univasf levou uns kits de irrigação para a gente. E tem umas pessoas que tem uns poços, a gente desenvolveu e graças a Deus, hoje num quintal só, nesta semana, a gente conseguiu tirar, só de couve, 1000 quilos para vender para o Programa de Aquisição de Alimentos,” disse seu Luciano com a alegria estampada no rosto.
O agricultor do Cariri paraibano também estava satisfeito com a oportunidade de participar do Simpósio. “A gente está buscando conhecimento. E a gente sai daqui com uma bagagem de conhecimento. Foram palestras muito ricas e eu só tenho que agradecer,” finalizou.
Exposição - O público que participou do Simpósio também teve a oportunidade de conferir a exposição fotográfica “Os Sertões da Transposição”, com imagens do fotógrafo Kira Duarte e curadoria do professor da Univasf e pesquisador do NGPS, Sérgio Motta Lopes. Inspirada na obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha, a exposição apresenta um panorama das Vilas Produtivas Rurais (VPRs) do Pisf, dividida em três partes: "A Terra", "O Povo" e "A Luta".
“Unimos a ideia de realizar um evento técnico com uma exposição fotográfica cultural que busca ser uma ferramenta de visibilidade para as pessoas das Vilas Produtivas Rurais, tanto para destacar seus trabalhos no âmbito da agricultura familiar, quanto para dar suporte a essa base territorial que é o nosso Sertão”, destacou o professor e pesquisador Sérgio Motta Lopes.
Texto e fotos: Comunicação Funetec
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